Retratar o homossexualismo na tevê ainda é um tabu. Apenas a menção ao beijo gay em rede nacional já vira polêmica. Mas quando o personagem é escrito de forma caricata, agregando humor a seus trejeitos afeminados, ele geralmente cai nas graças do público. Atualmente, Thierry Figueira dá vida a um exemplo clássico de personificação do homossexual na tevê, o Patrick Pimenta de Balacobaco. O típico figurino exagerado e o linguajar recheado de gírias oriundas do universo GLBT – sigla para Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros – são só algumas das características que popularizam o personagem. “Eu encaro o Patrick como uma missão que tenho como ator, que é levar alegria para a vida das pessoas”, revela.
Thierry estreou na tevê em 1994, em uma participação na novela A Viagem. Hoje, aos 35 anos, já acumula quase 20 trabalhos diferentes na tevê. Mas a carreira precoce não foi planejada. Na verdade, ele começou a atuar por pressão de uma amiga, que o convenceu a entrar para o tablado. Com o tempo, acabou se apaixonando pela interpretação. “Quando fiz o teste para Cara & Coroa, percebi que era essa profissão que eu queria para a minha vida, então comecei a levar mais a sério”, relembra.
Entrevista
O POVO – Por muito tempo, você ficou marcado por personagens com o perfil de galã. Mas o Patrick, de Balacobaco, quebra completamente esse padrão. Como você enxerga esse papel na sua carreira?
Thierry Figueira – Interpretar um homossexual em uma comédia rasgada é realmente diferente de tudo o que eu já fiz na minha vida. E, para mim, como para qualquer ator, viver um personagem fora do seu perfil é uma grande oportunidade de mostrar versatilidade. Na verdade, a Record tem me dado espaço para experimentar papéis mais profundos, como os vilões Dinho, da novela Bela, A Feia, e Ziba, da minissérie bíblica Rei Davi.
OP – Tendo em vista que Balacobaco já tem um tom de humor muito elevado e o seu personagem também é voltado para a comédia, como você faz para manter sua atuação crível para o telespectador?
Thierry – Como eu sou um ator que veio do teatro, gosto de ir a fundo no personagem para deixar o diretor me podar. Em Balacobaco, comecei contido e fui soltando o Patrick aos poucos, para que o público acreditasse. Além disso, quando a cena da novela inclui um número maior de pessoas, tento abaixar um pouco o tom do personagem, mantendo a situação verdadeira.
OP – Ao longo dos seus 19 anos de carreira na televisão, você já passou pelas três maiores emissoras do país: Globo, SBT e Record. E, em todas, trabalhou com teledramaturgia. Com a sua experiência, como você avalia cada uma delas em relação à produção de novelas?
Thierry – A Globo, sem dúvida nenhuma, é a grande potência na área da teledramaturgia no Brasil. Já o SBT foi a emissora que abriu as portas para mim em um período em que fiquei dois anos afastado da tevê. Lá, tive a oportunidade de protagonizar três novelas. Mas a estrutura é muito menor. Eu vejo o SBT como um canal de programa de auditório. E a Record é uma emissora que está crescendo. Quando eu aceitei o convite para trabalhar lá, queria crescer também. Então, estamos crescendo juntos.
Fonte: O Povo (CE)
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