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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Crítica – Trilha Sonora de “Carrossel” vai contra o emburrecimento do Brasil.


Depois de uma enxurrada de músicas com pouca qualidade artística, as quais os coros são compostos por monossílabos onomatopéicos – ai ai, tchu/tcha, oioioi – enfim surge um oásis no meio deste deserto fonográfico, a trilha sonora da novela “Carrossel”.
A classe C chegou com tudo, principalmente com dinheiro. E foi pensando nisto que as mídias tiveram a ideia de popularizar seus produtos, a fim de atrair este novo consumidor. O problema é que confundiram popularizar com nivelar por baixo. Assim, a programação da TV, o cinema, a música e até a literatura comercial se rendeu a uma estética pobre, de fácil assimilação com o objetivo de agradar à massa.
A obrigação de instruir à população é do governo, porém num país em que a educação é eficiente apenas no discurso dos candidatos políticos, a televisão deveria ter mais responsabilidade cultural, principalmente a Rede Globo que detém o monopólio da audiência. Não cabe discutir o merecimento desta supremacia, mas sim o conteúdo apresentado pela emissora.
A trilha sonora de “Avenida Brasil” prestou um desserviço à nação. Os temas que compõe a trilha da novela das nove acabam se tornando sucesso imediato, por isso é uma pena que as escolhidas foram de tanto mau gosto.
Defendo o direito de se ouvir “Tchu tcha tcha”, “Tá faltando homem”, “Assim você mata o papai”, entre outras, porém impostá-las a âmbito nacional é contribuir para o emburrecimento, já que músicas que não exigem nada do ouvinte também não acrescentam coisa alguma, apenas reduz sua percepção, tornando-o mentalmente preguiçoso.
Não é necessário que seja Mozart ou Beethoven para ter qualidade artística, a simples música da abertura de “Carrossel” possui grande poeticidade, pois valor estético independe do gênero musical. Arnaldo Saccomanni chefiou com maestria a trilha do remake mexicano, trazendo compositores como Toquinho e Chico Buarque. A regravação de “A Banda” cantada pelos atores-mirins possibilita que o público infantil se acostumem desde já com o que chamamos de música de qualidade.
Há um preconceito no Brasil de que coisas antigas não prestam. A trilha de “Carrossel” desfaz esta concepção errônea trazendo entre suas regravações uma nova versão do hit dos anos 90, “Não Faz Mal”, de Mara Maravilha. Muitos podem pensar que Mara é ruim por estar fora da mídia, ultrapassada, “flopada”… Porém é preciso entender que assim como tantos outros cantores do passado, ela possui uma história que tem que ser levada em consideração. Mara fez um enorme sucesso em toda a América Latina, apresentou programas na Argentina, gravou músicas e clipes em espanhol… Mas o que se pode esperar de um país que insiste em ignorar o idioma e a cultura dos povos vizinhos?
As músicas criadas exclusivamente para “Carrossel” também não decepcionaram. O rap do Cirilo, o rock do Jaime, a canção romântica da Laura e as demais que compõem o segundo Cd são todas bem trabalhadas. Mesmo sendo destinada a um público de pouca maturidade, a trilha sonora não nivelou por baixo, como foi o caso de “Avenida Brasil” e também da nova novela da Record, “Balacobaco”.
É importante dizer que apesar dos produtos de conteúdo duvidoso, há em cada emissora a tímida tentativa de trazer algo de qualidade, como é o caso de “Lado a Lado” e ‘Surbúrbia” na Globo, as minisséries bíblicas da Record, “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos” no SBT… Mas não se engane, o que predomina é o esvaziamento intelectual. Os governantes agradecem.
Fonte: Blogs POP / Séries & TV

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